Raizes Pentecostais

A blasfêmia do Sr. Bultmann

Rudolf Karl Bultmann é um dos teólogos mais citados nas discussões cristológicasatuais. Nascido em 1884, esse alemão controverso e polêmico entrou para a história como aquele que se propôs a achar, na “mitologia” do Novo Testamento, o Cristo real. Depois de gerar grandes incredulidades e notáveis incrédulos, veio ele a falecer em 1976.  

Será que a estas alturas o Sr. Bultmann já não terá descoberto que a sua “cristologia” não passa de um arremedo grosseiro do que escreveram, sob a inspiração do Espírito Santo, os evangelistas e demais apóstolos? A estas alturas, querido leitor, ele já deve ter descoberto, também, que o Inferno, longe de ser um conto mitológico, é assustadoramente real. Espero que, em seus últimos momentos, haja ele se encontrado com o Cristo apregoado pelos apóstolos.   

Seja lá como for, seus trabalhos causaram prejuízos incalculáveis à doutrina da pessoa e da obra do Filho de Deus, conforme a encontramos na Bíblia Sagrada. Quer no Céu, quer no Inferno, o Sr. Bultmann deve estar ciente de que a sua teologia não passa de uma blasfêmia contra aquele que declarou: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.16).

Neste parágrafo, compadecido leitor, não posso ignorar a pergunta: “Como um homem tão brilhante chegou a uma conclusão tão esmaecida e errática?”. Juntos, ensaiemos uma resposta. Em primeiro lugar, o teólogo alemão jamais teve a mente de Cristo. Doutra forma, não teria declarado tão doutoral e tão catedraticamente:

“Será possível esperar que realizemos um sacrifício do entendimento, um sacrificiumintellectus, para poder aceitar aquilo que sinceramente não podemos considerar verídico – só porque tais concepções estão contidas na Bíblia? Ou deveríamos deixar de lado os versículos do Novo Testamento que contêm tais concepções mitológicas e selecionar os que não constituem um tropeço desse tipo para o ser humano moderno?”.

Semelhantes asneiras não vieram por acaso. Rudolf Bultmann, com a disciplina própria dos germanos, pôs-se a ler metódica, mas tortuosamente, o Novo Testamento. Nessa empreitada, utilizou-se do método histórico-crítico, a fim de separar, da Escritura, a Palavra de Deus. Desse modo, segundo ele, seria possível eximir o texto sagrado das influências mitológicas judaico-helenas. Noutras palavras, queria ele extrair, do cânon formal, o cânon normativo. De posse das ferramentas conceptualistas de Abelardo (1079-1142), pôs-se a limpar a pessoa e a obra de Cristo daquilo, que, a seus olhos, era puro e grosseiro mito: sinais, milagres e prodígios. Entre os mitos, ele incluiu a encarnação do Filho de Deus. O que sobrou desse maldito labor nada tem a ver com o Jesus dos sinóticos, nem com o Cristo joanino. Enfim, uma cristologia incapaz de redimir o ser humano.

Afinal, o que logrou o teólogo alemão com todo seu trabalho? Um Jesus mentiroso, falso e enganador. Ora, se o Cristo não é o que a Escritura diz que o Cristo é, logo se conclui: o Cristo é o maior farsante da História. E, nesse crime, são cúmplices todos os autores do Novo Testamento.

Leitor querido, no que tange a Jesus, não há alternativas. Ou aceitamo-lo como o Cristo da fé, ou esqueçamo-lo por completo. O Jesus de Bultmann nenhum poder tem sobre o pecado; é um salvador que os apóstolos jamais pregariam.

Em 1941, Bultmann proferiu uma alocução para teólogos e pastores, que, mais tarde, seria publicada sob o título O Novo Testamento e a Mitologia. Nessa ocasião, ele declarou que a humanidade de seu tempo, por ter se maravilhado com tantos avanços extraordinários da ciência, já não podia aceitar o universo mitológico da Bíblia Sagrada.

O que diria Bultmann se voltasse à vida, agora, e constatasse que a Bíblia Sagrada continua tão viva e eficaz, hoje, quanto no século passado? Se a Escritura fosse um livro mitológico já estaria, de há muito, empoeirada nalguma biblioteca como a Ilíada de Homero. E se Jesus Cristo fosse um Deus como os olimpianos, ninguém estaria a procurá-lo. Todavia, Ele é o mesmo ontem, hoje e o será eternamente. Ele salva, batiza com o Espírito Santo, cura os enfermos, opera sinais e maravilhas e, em breve, voltará para arrebatar a sua Igreja. Ele me alegra o coração, porquanto acha-se em minha alma.

Que os jovens acadêmicos não se deixem engodar por essas cristologias, que, engendradas no inferno, entulham-nos de apostasias o caminho para o Céu. A advertência de Paulo é consentânea e urgente: “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo; porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl 2.8,9).

Maranata! Ora vem, Senhor Jesus!

PASTOR CLAUDIONOR DE ANDRADE