INTRODUÇÃO
“Tenho mais entendimento que todos os meus mestres, porque medito nos teus testemunhos”
(Salmo 119.99)
Não de agora que se ouve dizer em falência da educação no Brasil. Essa sempre foi uma cantilenarepetida constantemente pelos mais diversos setores ligados às atividades educacionais no país,especialmente, claro, os professores. A minha experiência com a formação pedagógica na faculdade de História, entretanto, abriu-me os olhos para o fato que de tão óbvio, era (e é) ignorado pela esmagadora maioria das pessoas — tanto assim, que ao ser pronunciado, esse diagnóstico soa como grave heresia: e educação esta falia, sim, mas sua bancarrota não é financeira, é moral!
Logo no primeiro período da faculdade, tivemos aula com uma professora de pedagogia. Eu queaguardava por acessar os métodos de ensino, por conhecer as maneiras de expor o pensamento e em como aumentar a capacidade de absorção dos alunos, dei de cara com uma professora de meia idade que tentava esconder a velhice inevitável com um sem número e penduricalhos pelo corpo. No braços, infinitas pulseiras; ao pescoço colares sobre cordões; nas mãos, quase tantos anéis quanto dedos. Os óculos de sol equilibrados na testa e no rosto uma euforia calculada. O seu discurso, porém, era trágico e fatalista, pois a educação, dizia ela, estava na UTI. A mulher vestia-se para o carnaval, mas anunciava um velório.
No próximo semestre, eis-nos, outra vez, em vias de iniciar mais uma disciplina que deveria nos ensinar a ensinar. No dia marcado, entrou na sala outra senhora com mais de sessenta anos, e ao contrário da primeira, esta era monocromática. Olhar baixo e grave, sapatos, calça e cardigan beges. Acho que até o seu cabelo era bege. “A educação deve ter piorado”, eu pensei, enquanto a professora se arrastava como em cortejo, até chegar à sua mesa. Ela bateu o material que trazia no braço contra o móvel e disse “E educação morreu!”. Exatamente como eu tinha pensado!
Analisando os discursos daquelas senhoras, somando-os aos fatos inegáveis de sua excelentecondição financeira (que, claro, não é o caso da maioria dos professores), e adicionando a esta equação a forma empolgada como elas e outros mestres discorriam sobre a genialidade de Paulo Freire, aclamado (não por mim) como patrono da educação brasileira, as contradições começaram a se mostrar.
NÃO HÁ FALTA DE DINHEIRO NA EDUCAÇÃO
Quando meu filho mais velho estava para iniciar o primeiro ano, minha esposa e eu decidimos fazer um esforço e matriculá-lo numa escola particular. Depois de procurar muito, encontramos uma que se adequava razoavelmente em nossos princípios cristãos e também em nosso orçamento. Do primeiro ao sexto ano, pagamos em média R$ 1.000,00 todos os meses, nos últimos 6 anos.
Em 2018, o levantamento do Ministério da Educação informou que o município brasileiro que mais gasta com edicação é o capixaba Presidente Kennedy. Ali, cada aluno do ensino fundamental custa R$ 28.000,00 mensais — e pensar que este posto já foi ocupado por uma cidade maranhense que em 2015 pagava R$ 17.000,00 mensais por aluno da rede municipal. As cidades brasileiras que menos gastam mensalmente com seus alunos investem em média R$ 4.500,00.
Para chegamos a alguma conclusão com os números apresentados, quer que você veja está fotografia. Esse prédio colorido é uma escola internacional, na cidade de Campinas. Ela fica a cincominutos de carro da sede da EETAD. Esta instituição de ensino é de origem libanesa e vai receber seus primeiros alunos no próximo mês de agosto. O valor médio da mensalidade nesta escola é R$ 4.300,00.
Agora, sim, com todos estes exemplos em mãos, vamos tirar nossas conclusões: não há situaçãofalimentar na educação brasileira. A bancarrota é moral e intelectual.
Claro que, se estamos falando de ensino superior, devemos apresentar os números desta fase do ensino — e os resultados não são diferentes. Na verdade, pioram bastante. O Brasil investeproporcionalmente até mais que nações do primeiro mundo, como os Estados Unidos e a Coréia. De acordo com a OCDE, O Brasil é 0 16º investidor mundial em aluno nos cursos superiores. É uma posição admirável. Entretanto, as duas melhores universidades publicas do Brasil (uma federal em Santa Catarina, e a omnipotente USP) não conseguem se colocar entre as 700 melhores instituições do mundo. Um fiasco total!
A FALÊNCIA É MORAL PELO DESVIO DE PROPÓSITO
Para demostrar esse ponto, talvez me bastasse expor algumas imagens e deixá-las falar por elas mesmas… Estas fotografias das universidades federal têm todas a mesma causa, a falência moral do ensino.
O que se entende por falência moral, neste caso, é o desvirtuamento do propósito original de ser uma escola. Se pudermos remontar os momentos iniciais da educação, notaremos que ela sempre foi uma responsabilidade da família, em qualquer lugar do mundo e em qualquer povo. Claro, a nossa referência absoluta sempre será a Bíblia, então, comecemos por ela: “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te ” (Deuteronômio 6.6,7). É claro que poderíamos aguardar uma refutação bastante óbvia a este versículo afirmando que o texto em questão refere-se unicamente à instrução de fé dos filhos. O óbvio, nem sempre é verdade, mas apenas óbvio.
A história do povo hebreu, e a história de qualquer outro povo, antigo ou recente, mostra que o ensino da fé é correspondente à própria instrução geral. Assim sendo, meninos judeus aprendiam de Deus ao mesmo tempo que sobre o mundo, a história, a geografia e o que mais lhe fosse instruído. A Bíblia simplesmente não faz distinção entre educação geral e educação espiritual. O mesmo dava-se na Grécia, onde, por exemplo, Sócrates causou espécie e suscitou contra si rejeição por desvencilhar o ensino geral do ensino religioso – e ele estava errado, pois, ainda que ao nosso ver pese o fato de tratá-se de um ensino de falsa religião, a opção dada por ele não foi a melhor em nada.
Reconheçamos o desvio de propósito no fato incontestável de que na sala de aula das escolas, a história é distorcida de tal forma que não se fala aos alunos acerca das importantes contribuições feitas por cristãos ao longo das gerações. A perspectiva de bem e mal está ausente, pois não há base objetiva para análise. Na realidade, há um esforço tão deliberado, por parte da multidão politicamente correta, para marginalizar ou eliminar a influencia dos Estados Unidos da America, que até entre os professores a histeria anticristã é eventualmente criticada pelas distorções que causa ao estudo.
Como se vê, o desvio de propósito deu-se pela substituição de cosmovisões. O que era para ser um ensino geral à luz da verdade pela Bíblia tornou-se em um esforço sem limites pela extinção da fé cristã.
A história recente do mundo cooca-nos diante do mesmo fato: o ensino geral deve ser acompanhado da comunicação da fé. Ora, e porquê? Muito simples! A falácia da educação geral não-religiosa promete uma educação fatual e sem lentes ideológicas – o que, de per si, é já uma ideologia. E não existe comunicações educacional fática e livre de comprometimento morais (sejam eles de que espécie forem). Então, a única forma validada de ensinar geografia à luz da química é fazê-lo à luz da Bíblia. Um importante documento que defende o homeschooling diz que a função de bons ensinadores cristãos é “garantir que os jovens nunca sejam privados desse direito sagrado (…), o direito de ser incentivado a fazer julgamentos morais criteriosos baseados em uma consciência bem formada e coloca-los em pratica com um senso de compromisso pessoal, além de conhecer e amar a Deus com mais perfeição” (Papa João Paulo II, Carta às famílias, nº 16).
ARMADILHAS CONTRA O CRISTIANISMO
Intimidação
Os primeiros dias na faculdade impressionam, e muito! Lembro-me com bastante clareza de cada vez que um novo professor entrava em sala. Todos queríamos saber a respeito de suas formações o quanto eles haviam estudado e como pretendiam nos ensinar. Dias assim requerem de nós muito discernimento de espíritos. Eis, aí, o porquê de uma das mais importantes características que o jovem cristão universitário deve ter é o ser pentecostal de espírito, alma e corpo. Discernimento.
Em seu primeiro dia de aula, uma professora perdeu o bom tempo declinando sobre sua formação e deitando seus títulos. A frase que não me esqueço foi: “Tenho mais tempo de estudos do que vocês de vida!”. Noutras palavras, calem a boca. Muito consoante, aliás, com a má professora que chamava a todos nós de formas inferiores de vida.
Já estávamos no quinto semestre quando finalmente nos deparamos com um dos professores mais temidos daquele curso. O homem entrou na sala e foi logo dizendo de uma conta criada no Orkut (sim, eu sou velho) contra ele chamada EuOddeioMarcosSanches. Tudo porque ele era intransigente e não aceitava respostas discordantes com as suas em nenhuma proporção.
Em suma, para sobreviver à faculdade e não jogar fora o tempo ou o dinheiro, era preciso submeter-se a um processo evolutivo conduzido por uma bruxa, adular uma exibicionista e adorar, ainda que com ódio, um professor narcisista. Isso para não citar os outros tantos que passaram por nós exigindo adequação intelectual.
Descristianização
Eu reconheço que num primeiro momento, parece exagero dizer que a faculdade se volta contra o Cristianismo, mas, creia-me, não é. Todas as outras religiões são bem-vindas (as orientais), toleradas (o cristianismo libertário progressista) e até incentivadas (a macumba e seus congêneres). Mas o cristianismo evangélico é um inimigo. Ninguém o quer. Cristo é um alvo constante de desprezo e zombaria, Deus é sinceramente evitado.
A primeira professora a entrar na sala chamava-se Marilene. Repetindo para nós a piada que certamente fizera a todos os primeiristas, ela riscou o quadro dizendo ser a Bruxa Má(rilene)! Os risos foram gerais, mas logo as coisas ficaram estranhas. A mulher não era má, era perversa, especialmente com uma questão, a fé cristã. O seu primeiro conselho a nós foi que abandonássemos todos os pressupostos aprendidos ao longo da vida, era preciso dispor-se de tudo o que se acreditava, especialmente Cristo! Bíblia? Nem pensar. Evangélico era xingamento a partir dali. Em segundos a sala transformou-se do ambiente de camaradagem que reinava até ali para uma caça da bruxa. O que fez a gentil senhora depois desse feitiço? Pediu a cada um de nós que ficasse em pé e dissesse quem era, o que fazia ali, e quais suas expectativas.
Aquela turma de primeiro ano tinha sessenta alunos. Eu fui um dos últimos a me apresentar, e o único a declarar-se evangélico. Nunca tive problemas com a minha fé, então meti logo um cristão pentecostal em minha apresentação. A reação dos alunos? Algo entre surpresa e desprezo – lembro-me de alguém dizer “É um xiita!”.
Ao fim daquela aula, outros cinco alunos me procuraram para identificarem-se como cristãos. Mas porque não o fizeram como eu, durante sua apresentação diante de todos os estudantes?
DOUTRINAÇÃO IDEOLÓGICA
Ateísmo. Antes de apontar as investidas morais e as narrativas políticas, os professores partem para um ataque coordenado às bases elementares da fé cristã. Assim como a Bíblia comoça pela afirmação natural e incontornável da existência de Deus, (“No princípio Deus”), também as faculdades voltam suas baterias para essa mesma convicção (“Deus não existe!”): “Disse o néscio no seu coração: Não há Deus” (Salmo 53.1).
Teísmo aberto. Uma surpresa estarreces sobre a audácia e a astúcia de Satánas deu-se quando me deparei com uma professora que sob o pretexto de nos ensinar a pesquisar, receitou a leitura de um textode um “pensador crente”, ela disse. E fomos nós para a catequese de Rubens Alves.
“Crente”, disse a professora. Desviado, discirno eu! O texto dizia sobre como era necessário que mantivéssemos nossa mente aberta para podermos ser surpreendidos pela descoberta da verdade, e de novas verdades que não conhecíamos ou não queríamos conhecer. Um dia esse autor pode ter sido alguém salvo, mas não o era mais. Um entrevista sua à rádio CBN disse que nutria pena de Deus, compadecia-se do Crisdor, pois ou sentiria ódio, posto que Deus não era o que a Bíblia dize ser. Ele era fraco, Ele não tinha poder. Assim, ou sentiria pena de Deus ser fraço, ou sentiria raiva por Ele não dar conta de cuidar do mundo! Mas a Bíblia diz: “E há de ser que, naquele tempo, esquadrinharei a Jerusalém com lanternas, e castigarei os homens que se espessam como a borra do vinho, que dizem no seu coração: O Senhor não faz o bem nem faz o mal.” (Sofonias 1.12).
Demitologização da Bíblia. Eu gostaria muito de dizer que este é um recurso presente nasuniversidades seculares, mas, infelizmente, ele e recorrente também nos cursos teológicos — tanto os reconhecidos pelo MEC, quanto os que são de natureza livre. Heresia nascida nos conselhos que Rudolf Bultmann foi buscar de Satanás, a prática consiste em reduzir a narração dos fatos na Bíblia a um relato folclórico ou mítico. Em resumo, à Bíblia é historinha para crianças.
É muito comum que este ataque comece pelos primeiros onze primeiros capítulos do livro do Gênesis. Tratada como folclore, ou como relato mítico, torna-se viável que acadêmicos e cientistas declarem-se cristãos evitando o confronto pela fé em Cristo – que, claro, eles perderam há muito.
Mas, como eu disse, não é coisa presente em universidades seculares, apenas. Os cursos teológicos (sejam eles regulados pelo MEC ou livres) seguem o mesmo errado caminho. Poucas semanas atrás, eu recebi a ligação de um pastor da cidade de São Paulo que estava procurando pela EETAD em desespero. Ele decidira fechar imediatamente o núcleo teológico existente em sua igreja, e que era ligado à um tradicional instituto bíblico dito assembleiano porque o Manual de Estudos desta instituição declarava que a criação do mundo em seis dias de 24 horas, bem como sétimo dia de descanso, não eram literais e deveriam ser entendidos como mito hebreu. Isso os leva à próxima armadilha.
Uma vítima muito comum desta armadilha é Noé, reduzido a uma lenda. A história, no entanto, prova com larga evidência a ocorrência de um diluvio universal. As mais diversas escavações na mesopotâmia, na Palestina, no norte da Africa, deparam-se com macadas de lodo que, depois de vencidas, revelam os vestígios de uma civilização anterior aos tempos diluvianos. Além disso, um instituto americano dedicado ao estudo dos fatos bíblicos estimou que 95% das espécies de animais são de tamanho menor que uma ovelha. Isso permite que nnuma embarcação do tamanho da arca de Noécoubessem 25 mil animais. Uma quantidade mais que suficiente para viabilizar a recomposição de todas as espécies e variedades existentes no mundo hoje!
Evolucionismo. Para começar, essa ideia tem sido tratada como teoria, coisa que ela não é. Para merecer esse nome um pressuposto, uma hipótese, carece de muito amadurecimento e de muitas comprovações científicas. O que, meus amigos, não existe no que se refere ao evolucionismo.
Comecemos pela mentira chamada ranqueamento. Esse arranjo significa o enfileiramento de itens aparentemente relacionados sugerindo que houve algum tipo de aperfeiçoamento entre eles. De fato, os cientistas mais esclarecidos e sérios descartam totalmente o argumento por ranqueamento, pois que qualquer coisa pode ser posta em ordem sequenciada pretensamente lógica e sugerir uma progressão. Qualquer coisa!
Outro ponto que merece a nossa atenção está nas carcaças e caveiras dos fósseis transicionais. Quando Darwin publicou seu livro A origem das espécies, muito mais honestamente que os darwinistas, ele redigiu um capítulo chamado Objeções. Nele, o dito autor teve o cuidado de apresentar aquilo que seria o ponto fraco de sua tese, a ausência do fóssil transicional, aquele que se poria entre o homem e o símio. Fraudes e fósseis:
• 1856, Düsseldorf, o Homem de Neandertal – descartado pelos próprios evolucionistas
• 1891, Java, Indonésia, Homem de Java (Pithecanthropus) – Eugene Dubois reuniu fragmentos espalhados em diversas localidades e concluiu serem eles de um único ente. E somente 35 anos após sua morte é que o material pode ser analizado, e sendo desconsiderado pela pobreza das evidências.
• 1924, África do Sul, Australopithecus Africannus.
• Inicio do século XX, sul da Inglaterra, Homem de Piultdown – Testes deram conta que o achado estimado em 500 mil anos era um homem moderno e a mandíbula era de uma macaco, uma trapaça.
• Minha experiência no Museu de História Natural do Rio de Janeiro.
Mesmo os dinossauros, às vezes terríveis e maus, outra vezes simpáticos e aliados incomuns, não podem ter existido. A questão é simples e muito lógica: se Deus determinou ao homem que dominasse a terra, o que ainda fazemos mesmo depois do pecado nos opôs as feras como os leões e os ursos, como seria possível dominar um Tiranossauro? Ou mesmo um dinossauro herbívoro? Minha experiência no Museu de História Natural do Rio de Janeiro.
O QUE FAZER? DESISTIR DA FACULDADE?
Não. Claro que não! Entretanto, por mais contraditório que isso possa parecer, pense duas vezes se uma universidade pública é, mesmo, a melhor opção – e não pense que sua vida tão mais fácil será numa faculdade particular.
Pr. Gunar Berg