Raizes Pentecostais

Por Pr. Terry Johnson
Superintendente da EETAD e Edições Bernhard Johnson

A linda propriedade em que nossa sede nacional está, já foi, ainda na época do Império do Brasil, parte de uma grande fazenda. Conforme as gerações dos herdeiros destas terras se iam, os seus descendentes, a cada temporada, retalhavam o espólio recebido de seus pais, avós e bisavós, até que, por fim, já não existe alguma propriedade que ao menos faça lembrar a grandeza que estas terras um dia foram. Apesar disso, restam aqui árvores seculares, antigas mesmo, e que nos dão certo trabalho até, pois as suas raízes são tão fortes, de tão grosso calibre, que são capazes de romper canteiros, calçamentos e até alicerces. Não faz muito tempo, uma destas gigantes foi severamente podada pois os seus pesados galhos ameaçavam um acidente com a rede elétrica. Mesmo assim, nota-se que o tronco restante ainda vive, pois as raízes são muito maiores do que a copa um dia já foi, e, aí, mora o segredo da perenidade, nas profundas raízes.

Durante suas quatro décadas e meia de existência, nossa querida Escola, tal qual a Igreja de nosso Senhor, sofreu e presenciou dificuldades e mudanças quase incalculáveis. Desde 1979, vimos as congregações se desinteressarem do evangelismo em massa, tão eficaz nas décadas anteriores. Igualmente, resistimos quando o humanismo tomou os púlpitos e dominou a hinódia, já década de 1980. Mantivemo-nos firmes quando a confissão regressiva de pecados virou uma moda global nos idos de 1990, negando o efeito retroativo do sangue de Cristo na vida do pecador arrependido; e não cedemos, nem por uma hora, aos avivamentos extravagantes do final daquela mesma década. Quando os anos 2000 chegaram revivendo a Nova Era, sustentamos firme a austeridade bíblica, refutando o misticismo evangélico. Escola conservadora que somos, posicionamo-nos firmemente quando as autoridades da educação no Brasil quiseram colocar seus cabrestos nos seminários evangélicos, conduzindo-os ao liberalismo dos últimos vinte anos. Na presente década, temos pregado ativamente a atualidade dos dons espirituais, a inspiração inquestionável da Bíblia, o livre arbítrio do homem e o arrebatamento anterior à Grande Tribulação. Mas como foi possível que tantos ventos de doutrina não nos houvessem levado à roda de seus rumos tortuosos? A explicação está nas profundas raízes que temos.

Nos estudos bíblicos que ministro, nas aulas que aplico, nas pregações que entrego,  faço questão de contar como Deus usou meus avós, os missionários Bernhard “Pai” e Antonette Johnson, bem como aos meus pais, Bernhard Johnson Jr. e Doris, para ganhar incalculáveis almas para Cristo, tanto nos rincões quase esquecidos das Minas Gerais, como nas imponentes cruzadas evangelísticas. É meu prazer lembrar os milagres vários operados pelo Senhor através das vidas de meus antepassados, e eu tenho gozo espiritual em dizer que também já fui, e sou, instrumento de Deus para a realização outros sinais – pois a promessa diz respeito a nós.

A minha insistência com esses testemunhos é motivada pelas mesmas razões que fazem esta edição de “Raízes Pentecostais” intitular-se “De volta ao cenáculo”: a atualidade dos dons espirituais e as características que nos definem como autênticos pentecostais. Eu creio nisso. Eu vi e vejo este poder mover-se. Eu li a seu respeito na Bíblia Sagrada.

A EETAD tem raízes profundas como as das antiquíssimas árvores que fazem agradáveis sombras em nossa sede. As nossas raízes, no entanto, não estão na terra, estão nas Escrituras, em toda ela, do Gênesis ao Apocalipse, mas, agora, especialmente, em Atos 2, naquele desconhecido cenáculo, naquele cômodo disputado pelos primeiros cento e vinte cristãos batizados com o Espírito Santo. Nutrimo-nos daquilo que Lucas contou a respeito do dia em que a Igreja foi inaugurada. Alimentamo-nos das palavras divinamente inspiradas do médico amado. Mantemo-nos em pé, resistindo aos ventos e tempestades heréticos, pois já nos agarramos à palavra de Deus, e dela recebemos o poder que em nós flui e por nós opera sinais e maravilhas.

É sugestivo notar que a EETAD também é uma herança. Em seu caso, porém, este espólio não é meu, embora eu seja o seu Presidente, e o seu fundador tenha sido o meu saudoso pai, o Missionário Bernhard Johnson Jr. O assombroso legado que a EETAD é pertence aos milhões de cristãos brasileiros, portugueses, angolanos, moçambicanos, mexicanos, peruanos, colombianos, uruguaios, equatorianos e argentinos cujas vidas têm sido transformadas através das vidas dos milhares de alunos formados pela EETAD durante seus quarenta e cinco anos de atividades ininterruptas. Esta frondosa sombra que nos refresca em dias escaldantes, e que nos abriga de tempestades, é de todos nós, da Igreja do Senhor, afinal, ela é obra do mesmo Deus. À dedicada equipe que, em nossa sede nacional, cuida desta árvore lindíssima, cabe a tarefa de fazê-la mais acirradamente enraizar-se na Bíblia, de onde nunca poderá ser arrancada.