Raizes Pentecostais


Pr. Jose Goncalves
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Pastor da AD Água Branca e Diretor do Núcleo da EETAD

1. Por que a Bíblia é um livro essencialmente pneumatológico?

A Bíblia é primeiramente um livro cristológico. O Espírito dá testemunho de Cristo: “Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim; e vós também testemunhareis, porque estais comigo desde o princípio” (Jo 15.26). Jesus afirmou essa verdade quando mostrou que as Escrituras em sua totalidade falam a seu respeito: “Então, lhes disse Jesus: Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura, não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras” (Lc 24.25-27). Não existe, portanto, pneumatologia sem cristologia. Qualquer pneumatologia que ignora a cristologia fatalmente acabará caindo em carismatismos, isto é, manifestações que mantém a aparência de um mover do Espírito de Deus, mas que na verdade não passam de falsificações grosseiras, rebuscadas.

2. Como a atuação do Espírito Santo no Antigo Testamento preparou o caminho para a vinda do Messias?

Sendo as Escrituras um livro eminentemente cristológico, o seu testemunho necessariamente apontará para Cristo. Assim, vemos, portanto, como uma consciência pneumatológica vai se formando na cultura hebraica. À medida que a revelação de Deus avança ou progride, também a percepção acerca do Espírito de Deus. Isso tem a ver com aquilo que os teólogos denominam de revelação progressiva, que culminará no Novo Testamento. Dessa forma, é possível vermos uma compreensão sobre o Ruach (Espírito) de Deus de uma forma mais completa em determinados textos do Antigo Testamento do que em outros. Vamos exemplificar citando as atividades carismáticas de dois profetas do século IX a.C, Elias e Eliseu, conforme demonstrei em meu livro o “Carisma Profético: o que diferencia o pentecostes bíblico do pentecostalismo atual. No contexto dos profetas Elias e Eliseu”, por exemplo, conforme destaca Hildebrandt (2008, p. 192), a natureza singular e carismática dessas atividades torna o Espírito de Deus visível nessas narrativas, embora nem sempre haja uma referência direta a Ele. Dessa forma, tanto Elias como o seu sucessor Eliseu são tidos como profetas notadamente carismáticos ou, como pontua Stronstad (2018, p. 35), “excepcionais profetas carismáticos”. Leon Wood (1993, p. 90) destaca que a forte presença do Espírito de Deus nas atividades desses dois profetas, porém, as poucas referências diretas sobre a sua Pessoa e existência, é hoje compreendida como sendo de natureza contextual. Dessa forma, Hildebrandt (2008, p. 196) justifica essa atuação “oculta” do Espírito dando-se em razão da tensão resultante das práticas extáticas dos profetas de Baal. Da mesma forma, Stronstad (2018, p. 19) destaca que ninguém saberia, de fato, que esses profetas haviam sido carismáticos se não fosse pela referência à transferência do Espírito Santo de Elias para Eliseu.

3. Qual é a natureza da transição pneumatológica entre o Antigo e o Novo Testamento, e como essa mudança se reflete na experiência espiritual do povo de Deus?

Essa transição é mais bem compreendida a partir das palavras do apóstolo Pedro, conforme Lucas registrou em seu livro, Atos dos Apóstolos: “Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne” (At 2.16-17). Em outras palavras, na compreensão do apóstolo Pedro o “isto” que eles estavam presenciando, é o derramamento do Espírito no Pentecostes, era o “aquilo” prometido nas Escrituras do Antigo Testamento. Em outras palavras, o derramamento do Espírito no Pentecostes era o cumprimento da promessa feita por Deus no Antigo Testamento, conforme registrara Joel no capítulo 2 e versículo 28 de seu livro. Aquilo que fora uma promessa se tornara realidade. O Espírito de Deus, que devido à natureza imperfeita da Antiga Aliança, operava sobre pessoas e classes específicas, agora estava sendo derramado sobre toda a carne. De acordo com A. S. Copley, antigo teólogo pentecostal, somente depois de experimentar “isto” é que eles poderiam responder à pergunta: “O que significa aquilo?” (COPLEY, A. S. This Is That, p. 5, s/d). Dessa forma, Lucas ensina a “atualização” da atividade profética do Antigo Pacto quando Ele é revelado em toda a sua plenitude no Novo Pacto. 

4. Quais são os desafios para a compreensão e aplicação da Doutrina do Espírito Santo na vida do crente?

Uma tendência que está se tornando uma prática, a meu ver nociva entre os cristãos, é a de coisificar o Espírito Santo. Se o Espírito é despersonalizado, então, Ele, a semelhança de qualquer objeto, pode ser possuído ou usado. Isso é um erro gravíssimo. R. A. Torrey, famoso teólogo batista, conforme citado por J. W. Hjertstrom, detectou esse fato: “Se pensarmos no Espírito Santo apenas como uma influência ou uma força, devemos pensar em algo que devemos apropriar-nos para usá-lo; mas, se conseguirmos pensar no Espírito Santo no sentido das Escrituras, então devemos pensar em uma pessoa infinitamente elevada, que se apossará de nós para usar-nos. (R. A. Torrey: Frojd I Den Helige Ande, 1906, p. 38). O desafio, portanto, é continuar enxergando o Espírito como Deus, o que de fato Ele é. Se não fizermos assim, acabaremos caindo no erro de alguns heresiarcas do II século para quem o Espírito Santo não passava de um “neto de Deus, um tipo de criatura inferior e subalterna. 

5. De que maneira o Espírito Santo atua como agente na Revelação de Deus e na inspiração das Escrituras, e como isso molda a compreensão do crente sobre a Palavra de Deus?

De acordo com o apóstolo Paulo, toda Escritura é inspirada por Deus. O termo grego theopneustos, quer dizer: “soprada por Deus”. A Escritura, portanto, provém de Deus. É o Espírito de Deus quem a inspirou. Esse fato, mostra que a mente de Deus está nas Escrituras. Há, portanto, uma relação íntima entre a Palavra e o Espírito. Logo, a compreensão, portanto, das Escrituras por parte do cristão, forçosamente, está condicionada à iluminação que o Espírito traz. 

6. Como a pneumatologia contribui para a unidade e diversidade teológica dentro do cristianismo, especialmente em relação às diferentes tradições e interpretações?

É um fato sabido que após o período apostólico houve um “esquecimento” sobre o papel e atuação do Espírito Santo na igreja. Os grandes debates durante os três primeiros séculos da patrística giraram em torno de temas cristológicos. Nada ou quase nada sobre o Espírito Santo. Nesse aspecto, a compreensão teológica, que fora moldada por Agostinho de Hipona, era de que os dons haviam cessado. O entendimento era que a atuação do Espírito, tal qual se revelava no Novo Testamento havia se limitado ao período apostólico. Esse entendimento também dominou o pensamento dos reformadores. É bom destacar que sempre houve movimentos de reavivamentos e de entusiasmo religiosos. Contudo, isso acontecia quase sempre na periferia da fé, isto é, fora da igreja institucional ou oficial. Esses movimentos quase sempre eram ignorados, quando não, abafados. Foi assim com o montanismo, movimento de despertamento durante o II século. Sem sombras de dúvidas, como demonstrou Alister McGrath em sua obra: A Revolução Protestante, é como o Movimento Pentecostal que as questões de natureza pneumatológicas ganham espaço no contexto cristão. Os pentecostais demonstraram que os dons espirituais são bíblicos e devem fazer parte da experiência cotidiana dos cristãos. Nesse aspecto, a contribuição dos pentecostais para a pneumatologia é de uma relevância inestimável. 

7. De que maneira o Espírito Santo age na iluminação das Escrituras, incluindo o papel do testemunho interno, e como os crentes podem cultivar uma compreensão mais profunda da Palavra de Deus?

John Wyckoff em seu livro: Logos and Pneuma: The Role of the Spirit in Biblical Interpretation, destaca que o Espírito Santo opera dentro da mente para fazer a mensagem da Escritura clara e inteligível. Ele apresenta a verdade quando trabalha a dimensão emotiva da psique de uma pessoa para mudar ou afetar a disposição interior do coração. Ele funciona em todos os níveis e em todas as esferas da personalidade humana, em entregar a verdade de Deus. Assim, o Espírito Santo trabalha dentro da mente para tornar a mensagem da Escritura clara e inteligível. Ele apresenta a verdade quando trabalha sobre a dimensão emocional da psique de uma pessoa, de mudar ou afetar a disposição interior do coração.  

8. Existe um espantalho em relação a nós, pentecostais. Como podemos combater esses espantalhos criados dos achismos?

William Menzies mostra que o Pentecostalismo clássico se firmou em oito grandes pilares, um deles é a Escrituras. A Bíblia sempre teve relevância entre os pentecostais clássicos. Aqui a experiência é mensurada pelas Escrituras. A experiência tem o seu lugar, mas ela não se sobrepõe nem toma o lugar da Bíblia. Contudo, há uma tradição dentro do pentecostalismo que privilegia a oralidade. Nesse aspecto, a experiência anda lado a lado com a Bíblia. Acredito que a compreensão de James K. Smith (2010, p. 11), conforme demonstrei em meu livro: A Glossolalia e a Formação das Assembleias de Deus, que vê o pentecostalismo como sendo uma “espiritualidade” e não uma doutrina ajuda na compreensão desse paradoxo. Smith parte do princípio do imaginário social, conforme exposto por Charles Taylor (2004), para explicar o fenômeno da espiritualidade pentecostal. Dessa forma, Taylor entende o “imaginário social” como algo muito mais vasto e profundo do que os esquemas intelectuais que as pessoas podem aceitar, quando pensam, de forma desinteressada, acerca da realidade social. Estou pensando, sobretudo, nos modos como imaginam a sua existencial social, como se acomodam umas às outras, como as coisas passam-se entre elas e os seus congêneres, as expectações que normalmente se enfrentam, as noções e as imagens normativas mais profundas que subjazem a tais expectações. (TAYLOR, Charles. Imaginário Sociais, 2004, p. 31) Em outra obra minha, eu disse que a teoria de Taylor, usada por Smith em relação ao pentecostalismo, na verdade ajustava-se melhor ao “neopentecostalismo”. Isso porque o “imaginário social”, por exemplo, segundo Taylor (2004, p. 31), “apoia-se em imagens” e “narrativas”. Naquela ocasião, eu disse que essa análise aplica-se não a todo pentecostalismo ou pentecostalismo clássico, mas ao pentecostalismo periférico ou neopentecostalismo. Como observou Romeiro (2005, p. 87), o “neopentecostalismo não apresenta linha teológica própria”. Em outras palavras, não se expressa em termos teóricos ou doutrinários, como destacou Smith e sugeriu Taylor (2005, p. 31). O seguimento reformado, quer formado por batistas, quer por presbiterianos, que se juntou ao pentecostalismo inicialmente, vinha de tradições teológicas fortemente construídas. Eles possuíam uma doutrina em forma de credo. Todavia, o mesmo não se pode dizer dos movimentos de santidade radicais, que, na sua maioria, eram formados por pessoas ávidas de Deus, porém sem uma educação teológica formal. Nesse aspecto, as suas crenças ajustavam-se mais a uma espiritualidade do que a uma doutrina. O que se depreende de tudo isso é que os pentecostais devem, sim, continuar sendo um povo do Espírito, em que a experiência tem seu lugar, sem, contudo, priorizar as Escrituras como regra de fé e conduta. 

9. Como o senhor explicaria a relevância da Doutrina Pentecostal nos dias de hoje, à luz das Escrituras?

De forma diametralmente oposta ao cessacionismo, o movimento pentecostal destaca a “acessibilidade ao divino”. Para Harvey Cox, pesquisador de Harvard, em sua obra O Futuro da Fé, o pentecostalismo celebra o ressurgimento da “espiritualidade primitiva” e recusa-se que a experiência de Deus fique limitada ao mundo rarefeito de ideias. Deus é vivenciado e conhecido como uma realidade pessoal, transformadora e viva. Os pentecostais, portanto, acreditam que o encontro pessoal com Deus é possível através do Espírito Santo. Alister McGrath (A Revolução Protestante, 2012, p.425) vê como positiva aquilo que denomina de “re-sacralização” da vida”, pois, segundo ele, “um Deus permanentemente ausente logo pode se tornar um Deus morto”. Uma tradição que dessacraliza o divino, seculariza a fé. Alister McGrath (201, p.422) denomina essa prática protestante de “conhecimento indireto de Deus”. Ele destaca que a ênfase do protestantismo tradicional no conhecimento indireto de Deus, isto é, onde não há lugar para um encontro pessoal e experimental com o sagrado levou a “dessacralização” – à criação de uma cultura sem senso nem expectativa de ter a presença de Deus em seu meio”. Isso torna a teologia bíblico-pentecostal relevante. 

10. Quais são os principais elementos pneumatológicos que caracterizam o livro de Atos dos Apóstolos?

As questões teológicas do livro de Atos serão mais bem compreendidas se, primeiramente, tivermos um entendimento correto sobre que tipo de gênero literário pertence essa obra canônica. Isso nos remete a necessidade de uma compreensão correta sobre o valor das narrativas no contexto das Escrituras. Como destaquei no meu livro: O Carisma Profético, esses fatos destacam a relevância das narrativas bíblicas e demonstram a importância teológica que elas carregam. É, portanto, correto dizer que é possível encontrar conteúdo teológico nas narrativas bíblicas de Atos ou, como prefere Grant Osborne (2009, p. 282), “as narrativas bíblicas contêm uma teologia”. Nesse aspecto, William W. Klein observa que “as narrativas dominam a paisagem bíblica” e “falam com poder a verdade de Deus quando corretamente interpretadas”. Ainda de acordo com Klein, “a narrativa quase sempre ensina mais indiretamente do que a literatura didática sem se tornar menos normativa”. Assim, Grant Osborne opõe-se àqueles que negam a dimensão teológica das narrativas, e isso porque, segundo ele, “ignora as consequências da crítica da redação, que demonstrou que a narrativa bíblica é de fato teológica no seu cerne e procura guiar o leitor a reviver a verdade encapsulada na história”. Stronstad (1984, p. 17) demonstra que enxergar as narrativas bíblicas sob a perspectiva teológica e como um gênero literário normativo para a igreja é algo bem presente na literatura pentecostal. O historiador pentecostal Walter Hollenweger (1972) destacou o lugar proeminente que o gênero narrativo ocupa na hermenêutica pentecostal. Segundo Hollenweger (1972, p. 321), para “os pentecostais, os Atos dos Apóstolos são considerados como um registro normativo da igreja primitiva”. Nesse aspecto, os pentecostais entendem, como destacou I. Howard Marshall (1970, p. 52), que Lucas foi “um teólogo que escreveu a história”. Esse entendimento da hermenêutica pentecostal, que enxerga propósito normativo nas narrativas de Atos, também é aplicado ao contexto dos profetas. Dessa forma, por exemplo, quando quer ilustrar as manifestações dos dons espirituais citados por Paulo em 1 Coríntios 12.8-10, o autor pentecostal Gordon Chown (1977, pp. 27,28) recorre às narrativas sobre o profeta Eliseu. Assim também entende o pentecostal clássico Donald Gee (1987, p. 50), quando enxerga o profeta Elias com exemplo notável do mesmo tipo de manifestação espiritual de 1 Coríntios 12.8. Ele destaca, por exemplo, que o dom da fé, também chamado pelos antigos pentecostais de “fé para operar milagres”, estava presente, como um dom espiritual na vida do profeta de Tisbe. É inegável, portanto, que o pentecostalismo, nas suas diferentes modalidades ou ondas, possui grande afinidade com os profetas bíblicos. Como um movimento carismático, isto é, que põe em relevo as atividades do Espírito de Deus, o pentecostalismo vê nos carismas dos profetas esse elo identificador. Essa metodologia permite aos pentecostais ilustrar as ações do Espírito Santo no Novo Testamento à luz da narrativa sobre os profetas bíblicos. Dessa forma, as narrativas das atividades carismáticas, quer no contexto dos antigos profetas, quer no contexto dos Atos dos apóstolos, revelando ações carismáticas, contêm princípios e pressupostos teológicos que são fundamentais para a teologia.

Como demonstrei em meu livro: Lucas, o Evangelho de Jesus, o homem perfeito, um erro bastante comum cometido por vários teólogos, principalmente aqueles que não creem na atualidade dos dons espirituais, é tentar “paulinizar” os escritos de Lucas. Por não entenderem o texto de Lucas, não o vendo como teólogo como de fato ele era, mas apenas como um historiador, tentam interpretá-lo à luz dos escritos de Paulo. Evidentemente que toda Escritura é inspirada por Deus e que o princípio da analogia é uma das ferramentas básicas da boa exegese, todavia isso não nos dá o direito de transformar Lucas em mero coadjuvante do apóstolo Paulo. Em outras palavras, Paulo deve ser usado para se compreender corretamente Lucas, e Lucas deve ser consultado para se quer entender, de fato, o que Paulo escreveu. Esse entendimento se torna mais ainda relevante quando aplicamos essa metodologia em relação aos carismas do Espírito narrado no terceiro Evangelho, em Atos dos Apóstolos e nas epístolas paulinas. Se Paulo foi um teólogo, possuindo independência para falar dos dons do Espírito, Lucas da mesma forma também o foi e seu pensamento é tão relevante quanto o de Paulo. Nesse aspecto Lucas não deve ser entendido apenas como um narrador de fatos históricos, mas como um teólogo que escreveu a história.

Esse entendimento nos ajuda a enxergar o espectro teológico de Atos em toda a sua extensão. Atos nos mostra a dimensão capacitativa do Espírito, isto é, o Espírito no contexto da missão, capacitando os crentes. Por outro lado, sem contradizer Lucas, Paulo descreve o Espírito a partir de sua habitação no cristão. Paulo põe em relevo a habitação do Espírito, Lucas a sua capacitação. 

11. Qual seria o desafio principal que o senhor lançaria aos crentes, incentivando-os a buscar continuamente a presença e orientação do Espírito Santo em suas vidas?

O pentecostalismo brasileiro por ter uma forte influência escandinava tem suas raízes na espiritualidade pietista. O movimento pietista enfatizava o apego à Bíblia, a prática da oração e a vida em comunidade. A meu ver, quando a igreja tem essas práticas esvaziadas, ela fatalmente se secularizará. Na verdade, isso já vem acontecendo. Não é à toa que presenciamos um enfraquecimento da experiência pentecostal. A experiência pentecostal não é algo que acontece à parte de um viver devocional forte. Foi a busca por uma vida piedosa, profunda, marca dessa espiritualidade, que fez eclodir o pentecostalismo. O avivamento que ocorreu entre os batistas suecos de Chicago, responsável pelas experiências pentecostais de Gunnar Vingren e Daniel Berg, serve de exemplo. Tanto Vingren como Berg foram revestidos de poder no contexto da Segunda Igreja Batista Sueca de Chicago, pastoreada por J.W. Hjertstrom. Hjertstrom levantou uma campanha de oração entre os anos de 1902 e 1906. Durante um período de quatro anos ele e sua igreja oravam todas as segundas-feiras a noite toda. Em fevereiro de 1906, portanto, dois meses antes do famoso avivamento da Rua Azusa, irrompeu o derramamento do Espírito naquela igreja. O desafio para nós, portanto, é manter a igreja viva através da oração, comunhão e instrução através da Bíblia.

  1. Pastor da Assembleia de Deus em Água Branca, Piauí; graduado em Teologia e em Filosofia. Articulista, escritor e conferencista. É presidente do Conselho de Doutrina da Convenção Estadual das Assembleias de Deus no Piauí e vice-presidente da Comissão de Apologética da CGADB; e é Diretor do Núcleo da EETAD instalado na igreja que preside. ↩︎