Raizes Pentecostais

Por Pr. Terry Johnson
Presidente da EETAD e Edições Bernhard Johnson

O ativista político Nelson Mandela foi preso nos anos 1980, na África do Sul. Conforme os anos se passaram, a sua ausência dos noticiários provocou um estranho efeito na memória coletiva: muitas pessoas deduziram que ele houvera morrido. A surpresa deste grande contingente foi enorme ao vê-lo “ressuscitar” em 1990, ano de sua soltura. Mandela foi eleito presidente do país africano em 1994. O falso imaginário foi estudado pela pesquisadora americana Fiona Broome, famosa por cunhar o termo efeito Mandela, que descreve a crença em algo absolutamente inverídico, com base unicamente na intuição.

Populam a internet alguns exemplos pitorescos do efeito Mandela em áreas outras, bem menos comprometedoras do que a política. Por exemplo, há quem seja capaz de apostar que o nome do chocolate KitKat é separado por hífen, mas não é. O personagem que ilustra a caixa do famosíssimo jogo Monoply (conhecido no Brasil como Banco Imobiliário) não usa um monóculo, embora quase todos pensem que sim. Desta forma, certezas a respeito de inverdades se cristalizam e são pregadas como fatos. Em tempos de sensibilidade, logo alguém gritará: “É fake news”. Mas calma. Há uma distância grande entre o efeito Mandela e uma mentira. Caminhemos um pouco mais, pois esta edição de Raízes Pentecostais está desafiadora.

Em linguagem típica da coloquialidade brasileira, uma boa definição para o efeito Mandela é o popular achismo. Alguém achou que era, que foi, que seria, e concluiu que é. Isso difere das incômodas fake news, pois estas não resultam de suposições, mas de intenções perversas. Ao apresentar mentiras que parecem verdades, esta edição de Raízes Pentecostais trata de afirmativas sem amparo na realidade, sustentadas, não pela ingenuidade, mas pela desonestidade pura e simples. As mentiras que parecem verdades são o engano calculado, a fraude deliberada, uma aberta indução ao erro. As mentiras que parecem verdades, estão muito distantes, mesmo, de serem confusões sem consequências, pois elas servem a propósitos muito claros, destinam-se a finalidades específicas. Suprimir o nome de um escritor bíblico é um atentado contra a inerrância da Palavra. Promulgar o evolucionismo é desacreditar o primeiro relato das Escrituras, o que lança dúvidas sobre todo o mais dito na Bíblia. Militar pelo feminismo não valoriza a mulher, e ainda destrói a família. Mesmo a promoção do sol, criado como governador do dia, para o posto de astro-rei, faz eco à idolatria ancestral. Sugestivamente, eu poderia dizer que estas e outras arapucas parecem verdades, mas não são. O certo, porém, é que elas não são verdades e não guardam semelhança alguma com a Verdade. Elas são mentiras que se parecem com mentiras.