Por Pr. Terry Johnson
Presidente da EETAD e Edições Bernhard Johnson

Militando no ensino bíblico há tantas décadas, sinto-me confortável em dizer que, dificilmente, alguma barbaridade teológica me surpreenderá. É claro que eu não vi de tudo, e é óbvio que eu não conheço todas as coisas. Cedo, porém, ainda aluno das classes infantis da Escola Dominical, eu aprendi que o Diabo é capaz de todas as mentiras, absolutamente todas, pois ele próprio é o seu pai (Jo 8.44). Logo, o surgimento de qualquer heresia não me surpreenderá, pois o Inimigo de nossas almas só tem a oferecer a operação do engano (2Ts 2.11). Me assusta, entretanto, a facilidade com que os erros doutrinários se espalham. Espanta-me, ainda, a quantidade de incautos derrubados nestes desacertos. E, por fim, estranho que os errados se achem tão certos em seus tropeços ao ponto de chamarem bem aquilo que é mal (Is 5.20). Quanto à negação do Pré-Tribulacionismo, estas afirmações são verdade.
Conforme veremos nesta edição, a Bíblia diz que o arrebatamento será anterior à Grande Tribulação, mas recusar esta afirmação é uma das falácias escatológicas mais populares de nossos tempos. Há outras, é verdade, mas está é a campeã de adeptos. Em todas as denominações evangélicas há quem defenda que a Igreja enfrentará a Grande Tribulação, ainda que parcialmente. Entre os protestantes históricos esse engano é comum, mais que em qualquer outra corrente teológica. Infelizmente, porém, encontra-se quem assim pense mesmo entre os pentecostais ditos clássicos. E a velocidade com que este erro se alastra é vertiginosa.
As vítimas preferenciais deste engano, e de todos os outros, são os incautos. A figura bíblica do incauto remete ao imprudente, quase sempre jovem, carente de cautela, que aceita tudo o que lhe é dado, qualquer coisa que lhe é servida. É como se portam as vítimas preferenciais da negação do Pré-Tribulacionismo.
É assombroso dizer, mas, no Brasil, as vozes escatológicas mais escutadas são as anti-pentecostais; e, como estas, há outras centenas, disseminando pela internet os seus erros doutrinários, compondo um horror teológico, uma escatologia de Instagram curtida, seguida e compartilhada por milhões.
O meu terceiro assombro é com a convicção demonstrada na hora de afirmar que a Igreja enfrentará a Grande Tribulação, ainda que parcialmente. O conteúdo de um argumento pode não ser tão relevante quanto o modo como ele é apresentado. Vemos isso acontecer o tempo todo, no comércio, no marketing, na política. O entusiasmo e a convicção tornam-se mais importantes para as tomadas de decisão do que a razão e a verdade. É lastimável, mas é mesmo assim. Normalmente, os pseudo-escatologistas advogam o tribulacionismo (total ou parcial) usando dois recursos de oratória: o primeiro é a desqualificação do que lhes é contrário, o segundo é a exaltação da sua convicção.
Ao tentar desqualificar o Pré-Tribulacionismo, os hereges o acusam de simplicidade, de fundamentalismo e de analfabetismo bíblico. Não é raro encontrar quem o repute até mesmo como anti-intelectualismo! Noutras palavras, tenta-se fazer do Pré-Tribulacionismo coisa de gente ignorante. O outro lado da moeda é o louvor acadêmico ao tribulacionismo. Ele, sim, é inteligente, refinado e evidente; e é ai, no autolouvor, que esta heresia faz tropeçar os incautos. Tolos contumazes, encantam-se por quem os elogia. Confusos habituais, entregam-se às certezas aparentes. Impacientes, aceitam qualquer resposta instantânea, negando-se ao estudo detido da Bíblia Sagrada. Altivos, recusam a consolação que há em saber-se que a Igreja será poupada da Grande Tribulação.
Eu não vi e não sei de tudo, mas sei que tudo vai piorar. Logo, o surgimento de erros doutrinários não me assusta, embora eu sinta a perturbação dos efeitos dos erros em nosso meio. Um dos desdobramentos mais horrorosos é a disposição dos hereges em abdicar da consolação que há na doutrina bíblica do Pré-Tribulacionismo. A garantia dada por Jesus de nos poupar do dia da angústia, de livrar-nos da tribulação e da provação que virão sobre a terra, nos deveria alegrar a alma, contentar o espírito. Entretanto, não poucos teólogos demonstram preferir enfrentar a Grande Tribulação, a assumirem o erro de sua hermenêutica. É inacreditável!
Estudemos juntos a quarta edição de Raízes Pentecostais, aprendamos a verdade bíblica a respeito do arrebatamento e sua relação com a Grande Tribulação. Sintamos, desde agora, o consolo que há em saber que o Senhor Jesus nos tirará desta terra, antes que venham os dias maus em que o preposto de Satanás praticará seus horrores naquele que será o tempo de angústia de Jacó.